Das trilhas para o asfalto: A trajetória inspiradora da ciclista Dulcilene Luna e sua estreia no Campeonato Acreano de Ciclismo 2024.

Após uma tentativa frustrada de participação no Acre Race 2023, atleta supera desafios e encara sua primeira competição na categoria Speed.

Por Sávio Freitas, para o portal Acre Pedal.

Dulcilene Luna fez sua estreia nas competições na abertura do estadual de ciclismo acreano 2024. Foto: Divulgação.

A abertura do Campeonato Acreano de Ciclismo 2024 foi marcada por grandes duelos e resultados surpreendentes. A disputa nas categorias de base, master e elite masculino foram bem disputadas e, na maioria das vezes, decididas no Sprint final.

 

Na mesma pegada, a modalidade feminina também proporcionou um show à parte. Na categoria elite, Alannis Ribeiro garantiu a vitória, seguida por Aline Silva, segunda colocada. Mas a competição não se resumiu apenas às vencedoras ou àquelas que chegaram ao pódio. A verdade é que, no meio do pelotão, cada atleta possui um desafio pessoal, uma luta que é só sua. Muitas vezes a superação de seus próprios limites é o grande desafio. E isso vai muito além de chegar à frente.

 

Foi assim com a Perita Criminal da Polícia Civil, Dulcilene Luna Barbosa, 43, natural de Cruzeiro do Sul e residente em Rio Branco há duas décadas. Luna embarcou em uma jornada de superação pessoal, encarando uma competição pela primeira vez.

 

Luna ao lado de Érica Soares e Letícia. Foto: Divulgação.


Descobrindo uma Paixão

 

"Há necessidade de nos mantermos em movimento à medida que percorremos a linha do tempo", compartilha Luna. "Hoje, aos 43 anos, sou consciente de que nosso corpo não foi programado para ficar parado." Após uma vida dedicada ao trabalho como Perita Criminal da Polícia Civil e Diretora do Instituto de Análises Forenses, Luna encontrou no ciclismo de Estrada uma nova paixão e uma oportunidade de cuidar de sua saúde física e mental.

 

Do MTB ao Speed

 

Sua jornada iniciou há mais ou menos um ano, inspirada por seu irmão, que já tinha um grupo de amigos que faziam pedais passeio aos finais de semana. “Comecei com uma bike emprestada e após uns três meses, já apaixonada pelo esporte, pela liberdade que ele traz, comprei minha Mountain Bike, na intenção de participar do Acre Race. Durante os treinamentos no percurso, em agosto de 2023, um mês antes da prova, sofri um acidente e fraturei o ombro, o que me impossibilitou de fazer a prova. Foquei na recuperação e depois, em dezembro, decidi comprar uma Speed porque queria experimentar essa emoção. Sempre olhei com admiração para mulheres que andam de Speed....acho bonito...rsrrs....passa a ideia de que são confiantes. Confesso que foi paixão à primeira vista. Desde então a Road tem um lugar cativo no meu coração”, comenta a atleta.

 

Desafios e Emoções da Competição

 

“Participar de uma competição já traz, por natureza, aquele frio na barriga", confessa Luna. "Quando decidi participar já estabeleci quais seriam os meus objetivos na corrida." Seu desempenho na categoria Elite Feminino foi marcado pela determinação e foco, mesmo diante dos desafios emocionais e físicos. "O natural seria eu querer apenas completar a prova, mas eu ousei um pouco e meu foco era permanecer no pelotão com as meninas, e assim aconteceu”, finaliza.

 

Abertura do Estadual de Ciclismo de Estrada na Amadeo Barbosa. Foto: Divulgação.


Inspirando Outras Mulheres

 

Luna ressalta a importância de as mulheres se unirem e se apoiarem em um ambiente esportivo muitas vezes dominado por homens. Luna destaca que sua participação no campeonato estadual foi influência da ciclista Érica Soares, que tem sido sua parceira nessa jornada.

 

“Ter alguém pra sair pra treinar junto facilita muito o processo, porque tenho uma rotina muito corrida durante o dia e nem sempre há motivação pra treinar. A Érica é determinada e disciplinada, isso é muito positivo. Tenho sempre em mente quando saímos que estou indo pra me divertir. E tem sido assim”, comenta Luna. Segundo a atleta, quando o treino é mais puxado, elas dizem que tiveram uma “brincadeirinha”, então, mesmo levando muito a sério o que elas se propõem a fazer, ela afirma que acaba sendo também um momento de descontração. “Sem guerra interna não há transformação”, afirma.

 

“Durante a prova você precisar ter uma estratégia e o trabalho em equipe é importante”.  Dulcilene também destaca que o treinamento físico é essencial, mas ter inteligência emocional pode definir o rumo de uma prova.

 

Confira na íntegra alguns pontos de destaque da entrevista com Dulcilene Luna, ao portal Acre Pedal.

  

Acre Pedal: Como você vê seu desempenho como um incentivo para outras mulheres que desejam começar a pedalar ou competir?

 

Luna: Considero que tive um bom desempenho na prova apesar de não ter ido ao pódio. Terminei a prova com uma sensação de dever cumprido, mas certa de que poderia ter oferecido mais. Isso só me motiva a continuar. Quando estabelecemos metas e trabalhamos para alcançá-las o resultado é certo.

 

Eu diria para as mulheres que desejam começar a pedalar ou competir que dentro de cada uma delas existe uma força imparável! Se você quiser, você fará acontecer.

 

 

Acre Pedal: Qual a importância do apoio mútuo das mulheres?

 

Luna: Acho muito valioso poder contar com o apoio de outras mulheres. Por ser um meio com predominância masculina, acredito que muitas mulheres ainda se sentem inseguras em se inserir. Ainda há muitas barreiras a serem vencidas. Há uma espécie de preconceito e até falta de respeito por parte de alguns homens que ainda manifestam um comportamento inadequado. Então, acho que devemos nos unir. “Juntas, somos mais fortes”.

 

A Érica Soares tem sido parceira nessa jornada.  Meu desejo é que mais mulheres possam aderir ao ciclismo e assim entregar um espetáculo cada vez mais bonito nas competições. E que a gente possa se orgulhar das conquistas umas das outras.

 

Acre Pedal: Você gostaria de agradecer ou dedicar sua participação nesta competição a alguém em especial?

 

Luna: Eu gostaria de dedicar minha participação ao meu irmão, Leonardo, que sempre foi o meu maior incentivador em todos os aspectos da minha vida. Sempre está comigo. E ele estava lá, confiante, me aguardando na linha de chegada. Quero também agradecer a Érica que me incentivou a participar. É muito bom está ao lado de pessoas que acreditam na gente.

 

Dulcilene Luna tem 43 anos é mãe da Letícia de 13 anos. Natural de Cruzeiro do Sul, Luna vive em Rio Branco há 20 anos. É graduada em Química pela UFAC e Perita Criminal da Polícia Civil, exercendo o cargo de Diretora do Instituto de Análises Forenses.

 

Por Acre Pedal – O portal do ciclismo acreano.

 


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