Nossa meta para 2024 é o Acre Race, afirma Liliane Amaral, líder da equipe Cachorro Louco.

Para a mãe, esposa, pedagoga e hexacampeã de MTB, ciclismo começou como uma forma de melhorar a saúde, mas tornou-se uma paixão.


Por Thiago Ribeiro, para o portal Acre Pedal.


Com o título na temporada 2023, Liliane tornou-se hexacampeã acreana. Foto: Mayke Wily/FAC.

No dia 8 de março foi celebrado o Dia Internacional da Mulher. E para exaltar esta data importante de luta e superação feminina, nós conversamos com a Hexacampeã Acreana de Mountain Bike na categoria Elite/Feminina, Liliane Amaral.

 

A ciclista de 40 anos começou a pedalar no ano de 2016, a fim de obter uma melhora na saúde e, por consequência, em sua qualidade de vida. “O ciclismo me auxiliou no processo de emagrecimento. Quando eu percebi que ao vestir uma peça de roupa, as medidas estavam mudando, busquei conciliar atividade física e alimentação”, comenta a atleta.

 

No início, ciclismo era uma alternativa para uma melhor qualidade de vida. Foto: Arquivo pessoal da ciclista.

Após receber incentivo familiar, Liliane passou a participar de competições. “Eu sempre tive apoio de amigos e familiares. O meu filho Juan foi quem me incentivou a competir, pois dizia ‘vai, mãe. Você consegue, eu confio no seu potencial’. E de tanto ele insistir, foi quando me desafiei, ainda com medo. Acima do peso e sem experiência alguma, eu me joguei no esporte e estou até hoje no meio”, destaca Liliane.

 

Paz, reflexão e sensação de liberdade. Foto: Arquivo pessoal da ciclista.

Liliane afirma que depois de começar a pedalar, sentiu uma grande mudança de vida. Segundo a ciclista, após entrar no esporte, é difícil de sair, pois o esporte traz muita paz, reflexão e sensação de liberdade. Ela concilia a trajetória multicampeã no ciclismo com a sua profissão de coordenadora pedagógica. “A minha profissão nunca me impediu de competir e fazer os meus treinos”, salienta.

 

Etapa da Trilha do Gromico, ocorrida no dia 1º de outubro. Foto: Divulgação.


Infelizmente, as lesões são uma constante na rotina dos esportistas. Liliane teve uma grave lesão no joelho em 2018, tendo que ficar meses afastada. Ela afirma que este foi o seu pior momento no ciclismo. “Foi o momento mais triste da minha vida dentro do ciclismo. Porém, eu venci esta etapa e estou aqui para mostrar que somos fortes e capazes de superar qualquer obstáculo”.

 

Liliane diz que já ouviu muitas coisas desagradáveis de pessoas dentro e fora do circuito, mas isso não a abalou na sua trajetória no ciclismo. “Ao fazer meus treinos solo eu já ouvi alguns comentários desnecessários de homens, sejam eles de dentro ou fora do ciclismo. Mas nada que eu não pudesse colocá-los em seu devido lugar!”.

 

Simpatia e muita determinação. Foto: Arquivo pessoal da ciclista.


Hexacampeã Estadual de MTB


Em 2023, a ciclista sagrou-se campeã estadual pela sexta vez, quando venceu a Etapa da Trilha do Gromico, ocorrida no dia 1º de outubro. Além disso, ainda na temporada passada, Liliane foi campeã também em Brasiléia e terceira colocada geral na modalidade Estrada/Speed em Rio Branco. Para o ano de 2024, o objetivo de sua equipe é o Acre Race. “A nossa meta para 2024 é o Acre Race. Porém, aqueles que quiserem participar do campeonato estadual terão o apoio da equipe”, destaca.

 

Confira na íntegra a entrevista que o Portal Acre Pedal fez com a multicampeã Liliane Amaral:

 

Acre Pedal: Quando você começou no ciclismo?

Liliane Amaral: Eu comecei em 2016, através de um grupo de pedal.


Acre Pedal: Quais as modalidades de sua preferência?

Liliane Amaral: Eu me identifico com o XCO (pistas em terra com obstáculos, na qual os ciclistas realizam várias voltas), pois foi nesta modalidade que iniciei. Também já pratiquei MTB.

 

Acre Pedal: Qual categoria/modalidade que você participa?

Liliane Amaral: Atualmente eu corro na categoria Elite Feminina. Pratico Speed/Estrada e MTB/Montain Bike.

 

Acre Pedal: Quais as maiores vitórias e títulos conquistados na trajetória do ciclismo?

Liliane Amaral: Atualmente eu sou hexacampeã estadual de MTB.

 

Acre Pedal: Por que escolheu o ciclismo? Quais os principais benefícios que acredita ter no ciclismo (maior desafio e ponto positivo)?

O maior benefício é o bem-estar e a autoestima. O ciclismo me auxiliou no processo de emagrecimento. Quando eu percebi que ao vestir uma peça de roupa, as medidas estavam mudando, busquei conciliar atividade física e alimentação. O emagrecimento era e continua sendo meu maior desafio.


Acre Pedal: Você exerce algum cargo relacionado ao ciclismo (federação, associação, entrou outros)?

Liliane Amaral: Não possuo vínculo com a federação, porém, como amiga do esporte, eu sempre ajudo em algo quando sou solicitada.

 

Acre Pedal: Vimos que o seu esposo também é ciclista. Quais as modalidades que ele pratica? Quem levou quem para o esporte? Ou ambos começaram juntos?

Liliane Amaral: Dentro deste contexto esportista encontra-se o Da Silva (ou Mestre, como é conhecido no circuito), homem que me incentivou e apoiou a participar os campeonatos. Ele entrou primeiro juntamente com o meu filho Juan, praticando MTB. O Da Silva contribui com a modalidade na execução de pistas XCO.

 

Acre Pedal: Qual a sua profissão fora do ciclismo? O esporte em algum momento entrou em conflito com a sua profissão (agendas, competições)?

Liliane Amaral: Sou coordenadora pedagógica em uma escola, mas a minha profissão nunca me impediu de competir e fazer os meus treinos.

 

Acre Pedal: Você sentiu alguma grande mudança de vida após começar a pedalar?

A mudança de vida foi e ainda é nítida, pois o esporte me traz paz, reflexão e liberdade.

 

Acre Pedal: O apoio de família e amigos sempre é importante. Você teve isso? E conseguiu levar alguém para a prática do esporte?

Liliane Amaral: Eu sempre tive apoio de amigos e familiares, onde em alguns momentos puderam me assistir de perto dentro de uma corrida. O meu filho foi quem me incentivou a competir, pois dizia “vai, mãe. Você consegue, eu confio no seu potencial”. E de tanto ele insistir, foi quando me desafiei, ainda com medo. Acima do peso e sem experiência alguma, eu me joguei no esporte e estou até hoje no meio. Hoje o meu filho não pratica mais o ciclismo, mas vive no esporte que ama, o futebol. E agora é a minha vez de apoiá-lo!

 

Acre Pedal: Onde você costuma pedalar?

Liliane Amaral: Eu costumo pedalar em lugares onde há menos trânsito, para que os meus treinos possam ser realizados sem interrupções.

 

Acre Pedal: Você teve alguma experiência ou adversidade superada no ciclismo?

Liliane Amaral: A minha maior experiência foi quando a nossa equipe me desafiou a fazer o pedal até Porto Velho/RO. Foram 24 horas para chegar ao nosso destino, sem dormir, sem muitas paradas. No entanto, conseguimos chegar com grande alegria e missão de dever cumprido.

 

Acre Pedal: Já teve lesões relacionadas ao esporte? 

Liliane Amaral: Em 2018 eu tive uma lesão grave no joelho, onde precisei me afastar para os devidos cuidados. Foi o momento mais triste da minha vida dentro do ciclismo. Porém, eu venci esta etapa e estou aqui para mostrar que somos fortes e capazes de superar qualquer obstáculo.

 

Acre Pedal: Qual a equipe que você participa atualmente e como ingressou nela?

Liliane Amaral: Eu faço parte da equipe Cachorro Louco, fundada em 2019. Era apenas um grupo para treinos específicos da corrida de maratona Acre Race. Conforme o passar dos anos, o grupo tornou-se uma equipe, com poucas pessoas. Temos o pensamento que os amigos verdadeiros não precisam de volume para chegar aonde querem, todos trabalham, estudam, mas tiram um tempinho para os treinos. Gostamos muito de estar com o pessoal (da equipe).

A nossa equipe, mesmo pequena, quase sempre chega nas “caixinhas” de pódio. Eu digo à eles “nem sempre o nosso melhor será o primeiro lugar. Vão e deem o seu melhor, após a corrida a festa será a mesma”. Nós nunca cobramos nada um dos outros, só vamos e vivemos aquilo que realmente gostamos. O resto é balela!

 

Acre Pedal: Quais expectativas e objetivos/metas para a temporada 2024?

Liliane Amaral: A nossa meta para 2024 é o Acre Race. Porém, aqueles que quiserem participar do campeonato estadual terão o apoio da equipe, pois eu acredito que neste momento da vida é onde esquecemos um pouco da correria diária.

 

Acre Pedal: Na sua trajetória no ciclismo, você em algum momento sentiu ou viu atos machistas com outras mulheres?

Liliane Amaral: Ao fazer meus treinos solo eu já ouvi alguns comentários desnecessários de homens, sejam eles de dentro ou fora do ciclismo. Mas nada que eu não pudesse colocá-los em seu devido lugar!

 

Acre Pedal: Desde o início até agora, você sentiu o aumento de mulheres pedalando, principalmente no circuito competitivo?

Liliane Amaral: Sim. De uns anos para cá, eu sinto que as mulheres estão focando na saúde física e mental através da bike.

 

Acre Pedal: Você já praticou outro esporte? Se sim, quais?

Liliane Amaral: Eu já fiz taekwondo, musculação, corrida de rua e dança. Todas essas atividades me fizeram muito bem

 

Acre Pedal: Deixe algum agradecimento e mensagem final, principalmente para aqueles que ainda estão em dúvida na iniciação do ciclismo.

Liliane Amaral: Eu agradeço aos familiares e amigos que me incentivaram a entrar neste esporte, acreditando sempre nas minhas habilidades com a bike. E aqueles que ainda estão em dúvida em praticar, façam como um dia eu fiz. Só vai! Eu tenho certeza de quando apreciarem da modalidade, será difícil de sair.

 

Além do MTB, Liliane também participa de competições na modalidade Speed/Velocidade. Foto: Arquivo pessoal da ciclista.


Protagonismo


A história da hexacampeã acreana Liliane Amaral representa não apenas uma narrativa desportiva de destaque, mas também um símbolo do protagonismo feminino, especialmente no mês da mulher. Sua trajetória de superação e paixão pelo ciclismo não só quebra barreiras dentro do esporte, mas também inspira mulheres a assumirem o controle de suas vidas e a perseguirem seus sonhos.

 

Ao conciliar sua carreira como coordenadora pedagógica com sua jornada no ciclismo, Liliane demonstra que as mulheres podem e devem ocupar espaços diversos na sociedade, desafiando estereótipos e mostrando que não há limites para suas conquistas e sonhos. Sua influência vai além das pistas e trilhas, sendo um exemplo de empoderamento e determinação para todas as mulheres, especialmente as acreanas.

 

Por Acre Pedal – o portal do ciclismo acreano.


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